O URUBU PEDE ARREGO!



Meu papagaio Louro Green é quem está coberto de razão, quando diz entre currupacos e papacos na sua língua de papagaio, que hoje melhor seria nascer urubu! Por que apesar de já nascer vomitando, você convive com toda a sujeira do mundo numa boa e não se escandaliza mais com nada. Segundo meu papagaio, comer nos monturos e imundícies deste mundo não seria mais privilégio de urubus e abutres, nem tampouco de hienas e corvos; pior ainda de coiotes e ratos e aranhas! A podridão, a sarjeta, os escombros e o lixão podem parecer à primeira vista uma coisa do outro mundo, mas segundo meu papagaio Louro Green qualquer um se acostuma com o meio, basta o abandono, a desventura, o abismo, a falência, o infortúnio, a desgraça e todas as forças conspiratórias caírem sobre os ombros infelizes de alguém, que o lixo lhe será o refúgio derradeiro. E não é que até o lixo pode ser considerado um local para desafortunados tirarem o seu sustento?
Quantas latas de conservas vencidas são jogadas diariamente no lixo? E toneladas de carne de charque, carne verde, frango, lingüiça? E iogurtes e derivados de leite? E macarrão e biscoitos, e frutas e verduras, e pescados? Diariamente as pessoas jogam toneladas de comida que poderiam ser aproveitadas satisfatoriamente pelas famílias brasileiras. Segundo as estatísticas o país desperdiça mais de 30% de tudo que produz. Essa questão do lixo é um fator fundamental na economia brasileira, em função do desperdício. Tanto é que hoje em cidades brasileiras como Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro existem lojas especializadas em vender produtos preste a vencer, próximos de expirar o prazo de validade. É a sociedade que não quer jogar fora, no lixo, o que ela própria pode consumir e não desperdiçar.
Se houvesse investimentos governamentais na produção pesqueira com barcos equipados com câmara frigorífica para congelamento da produção, ou até mesmo barcos com equipamentos de última geração onde a produção pesqueira já sai empacotada, talvez o desperdício refletisse para baixar os preços do mercado do peixe que se pratica hoje no Brasil, hoje um dos mais caros do mundo.
Como diz meu papagaio Louro Green, até pra conviver no lixo hoje em dia urubu tem penado um bocado, por que além de competir com os predadores e a concorrência dos animais do lixo, agora existe o fantasma do lojista de produtos a vencer ou com prazo de validade adulterado. Lei da Selva! Salvem o lixo e os seus animais, os urubus agradecem ternamente. O cidadão também.
Edilberto Abrantes

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