No meu tempo...

Eu sou do tempo em que o pensamento e a opinião eram próprias de cada um, e cada um era formador de opinião com suas convicções, nas quais agia de maneira responsável, e como dizia Nelson Mandela era "timoneiro do seu destino". Eu venho dessa geração que tem como ponto forte a leitura e a politização, desenvolvida desde cedo, cada um na sua intelectualidade para enfrentar a vida que ia desde as lutas estudantis do colégio a universidade, palco de de nossa formação superior e também o meio para a nossa formação político-social e ideológica. A universidade era muito mais que uma escola de ensino superior, para nossa formação acadêmica, era o berçário de nosso desabrochar político, uma forja para nossa consciência de militância, preparando-nos para a vida com atividades extra escolares através dos festivais de música e teatro dentro de sua instituição, incentivando numa época de repressão das liberdades políticas e ideológicas o espírito democrático e político filosófico de seus estudantes seduzidos e nutridos pela dialética marxista. A universidade preparava o homem do futuro com amostras de teatro, saraus poéticos, lançamentos de livros, palestras, conferências, seminários e fóruns que abordavam temas não apenas de interesse da instituição, mas, da comunidade, da sociedade de um modo geral; e a sociedade respondia envolvendo os estudantes com semanas universitárias nas cidades do interior no período de férias, e feiras de livros, feiras de artesanatos, e festivais de música e teatro produzidos por grupos de artistas em muitas cidades paraibanas. Festivais de poesias e contos e redação eram uma constante no círculo literário e um referencial da intelectualidade de nossos estudantes universitários atentos à leitura, às discussões político-sociais de nossa realidade brasileira e também preocupados em mudar o mundo através do conhecimento, do aprendizado na educação.
Hoje vejo com tristeza, que a grande maioria dos jovens que entram nas universidades brasileiras mal sabem ler, redigem muito pouco, copia mais que cria, tem muita preguiça para pensar, de construir com uma ideia própria; e tem como ponto negativo a aversão a tudo que se refere a pesquisa, leitura. Não questionam, não contestam, não discutem política, vivem a alienação do consumo, e não veem a democracia como um direito de todos, da sociedade.
O jovem parou no tempo. Está mais para as redes sociais do que para o conhecimento através da leitura. Está muito mais para os campos de futebol onde a violência é uma constante; muito mais para os bailes funk ou balada na noite do que para uma manifestação em prol de melhores salários ou para reivindicar direitos sociais garantidos por lei.
Não se liga em cobrar mais investimento na educação, na saúde, na moradia ou nas criação de novos postos de trabalho, mais empregos...
Nossos jovens vivem o deslumbre da internet, da TV interativa, dos jogos virtuais, da mídia digital e do avanço da tecnologia com o advento do Tablet, do celular, do Smartfone, do Andróid e o cinema 3D.
Precisamos acordar nossos jovens para a dura realidade de um futuro bem próximo. Estimular nossos adolescentes a contribuir com a sua parcela de responsabilidade política através de sua manifestação frente às novas mudanças mundiais, visando a melhora da vida de todos.
Ficar se enchendo de pipoca e refrigerante em frente a um monitor de PC não vai mudar nada.
No meu tempo...

Edilberto Abrantes.


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