O DESENCANTO

                                                             O desencanto com a vida tem levado muitas pessoas para o caminho perigoso da depressão. Não porque elas tenham o perfil depressivo ou que sejam propensas a desvios mentais, problemas congênitos degenerativos do sistema nervoso ou qualquer outra coisa no emaranhado sistema neurocerebral, que possa desvirtuar essa pessoa e mudar a trajetória de sua vida, estimulando-a para um processo de discenso e loucura, com a fuga da realidade e das coisas normais, como dizem médicos e especialistas nos problemas da mente e da vida em sociedade, que segundo eles o indivíduo não pode ficar à margem, mesmo em função do sofrimento.
Mas o que dizer de aposentados e indivíduos que estão fora do mercado de trabalho, gente que trabalhou a vida inteira e se sente excluída do sistema, solitária, presa em apartamentos ou casas trancadas com grades  nas janelas; gente abandonada pela família em asilos de velhos, em albergues, em instituições e hospitais cuidando do corpo quando suas mentes estão mais doentes que qualquer mazela corporal. Pessoas vivendo como zumbis, sem passado, presente e futuro. Pessoas se sentindo fora do contexto social da realidade, vítima de um sistema criminoso de consumo, em que o carro novo e o cartão de crédito valem mais do que uma conversa amistosa, do que um aceno, um gesto de carinho e de solidariedade que pode salvar muitas vidas do suicídio, da depressão e de muito sofrimento. Remédio e cura para as mazelas e o desconforto  espiritual é o sorriso e um abraço solidário. Não tem preço, não há dinheiro que pague o apoio de uma grande amizade na hora em que  o apelo fala mais alto.

Edilberto Abrantes.                                                       

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