Músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira são demitidos


Desde terça-feira (29/3), os 41 músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) que se rebelaram contra as avaliações de desempenho convocadas pelo diretor artístico e regente titular, Roberto Minczuk, começaram a ser demitidos por justa causa. É o que informa O Globo nesta quinta-feira (31/3).

A fundação que administra a OSB convocou os insurgentes, um a um, para comparecerem à sua sede para tratar do assunto. Segundo o presidente da comissão de músicos, Luzer Machtyngier, a intenção do grupo era não atender ao chamado.

O Globo pesquisou o sistema de avaliação de desempenho de seis orquestras de renome: as filarmônicas de Berlim, Israel e Nova York, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a Petrobras Sinfônica e a Filarmônica de Minas Gerais. Em nenhuma delas os músicos são submetidos a provas para se manter no cargo.

Sob o comando do maestro John Neschling, a Osesp chegou a fazer testes internos em 1997. Minczuk era diretor artístico adjunto da instituição. Mas os músicos tiveram seis meses para se preparar, e a prova não era obrigatória. O sistema só foi adotado nesse ano. Desde então, lá e nas demais orquestras pesquisadas, o que vale é a performance ao longo da temporada. Nada de teste.

“A Osesp passou por um processo semelhante e não precisa mais fazer avaliações. Estou fazendo na OSB o que o Neschling fez na Osesp e que deu à luz a melhor orquestra do país. Minha ideia é, inclusive, equiparar os salários da OSB aos da Osesp”, argumenta Minczuk.

Hoje, os músicos da OSB ganham entre R$ 6.167 e R$ 7.767. Minczuk oferece, a partir de junho, com a orquestra já reformulada, remunerações de R$ 9.367 a R$ 11.047. Os da orquestra paulista recebem entre R$ 8.600 e R$ 14.100.

“Uma vez aprovado em concurso e confirmado no posto depois do ano probatório, qualquer membro da orquestra pode ter seu rendimento discutido individualmente com o regente, a direção artística, os chefes de naipe e a comissão de músicos”, explica Arthur Nestrovski, diretor artístico da Osesp.

Na Filarmônica de Minas Gerais e na Orquestra Petrobras Sinfônica, a triagem dos músicos se restringe às audições de contratação. Uma vez aceitos, eles são avaliados com base em seu trabalho do dia a dia. Para o diretor artístico e regente-titular da filarmônica mineira, maestro Fábio Mechetti, só se consegue qualidade com cobrança. “Na Filarmônica de Minas, as avaliações acontecem duas vezes por ano – em abril e agosto – mas consistem em um bate-papo em que todos recebem um retorno sobre seu desempenho. Afinal, em todo concerto, o músico passa por uma avaliação. Ao longo do trabalho é que se observa a qualidade da orquestra.”

A Orquestra Petrobras Sinfônica, cujos músicos já declararam apoio aos colegas da OSB, também não realiza avaliações internas.

No resto do mundo, as avaliações internas também são menos formais do que a proposta por Roberto Minczuk. A Filarmônica de Berlim faz uma pré-seleção muito rigorosa antes de incorporar um novo músico. O artista é submetido a uma fase de dois anos de testes e, depois disso, não faz nenhuma outra prova. Na orquestra alemã, estabeleceu-se, ainda, a regra de que todos os músicos se aposentam quando fazem 65 anos de idade. Na OSB não há limite de idade.

Na Orquestra Filarmônica de Israel também há uma batelada de testes e audições antes de um período de experiência de um a dois anos. Só depois disso e da aprovação do diretor musical do grupo, o maestro indiano Zubin Mehta, de seus colegas e de um comitê de audições, o músico é oficialmente recebido no corpo orquestral. Se passar por esse processo com êxito, não poderá ser demitido.

Em Nova York, a avaliação também é apenas na entrada. Henry Fogel, diretor do Chicago College for Performing Arts e ex-presidente da Liga Americana das Orquestras, conta que um processo de audição de toda uma orquestra e de demissão em massa jamais aconteceria nos Estados Unidos. “Nunca ouvi falar de um caso desses e não posso imaginar como um maestro poderia segurar uma orquestra depois disso. Nos Estados Unidos, se o maestro tentasse algo assim, os executivos diriam que o contrato não permite audição de músicos que já são membros da orquestra. Ele teria que recuar ou ir embora”, diz Fogel, que é consultor da Osesp e dirigiu a Orquestra Sinfônica de Chicago por 18 anos.

Para Roberto Minczuk, a comparação com orquestras como a de Berlim, a de Israel e a de Nova York é injusta. O Brasil, afinal, não tem tradição no setor. “Quando tiver concluído esse processo de busca pela excelência na OSB, poderemos nos comparar a esse grupo. Antes disso, não”, diz o maestro.

Nos últimos dias, a polêmica, que já ganhara o mundo pelas redes sociais, chegou a Brasília. Na tarde de terça-feira, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, classificou como “estranho” o processo de reciclagem da OSB e prometeu debater o assunto com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Fontes da orquestra se dizem preocupadas com a imagem da instituição e do maestro.

*Com informações de O Globo Online

Fonte: http://www.culturaemercado.com.br/

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