E QUEM TEM MEDO?






Eu queria sentir medo, um medo desses bem diferentes do que costumeiramente sentimos com a conta da luz, do telefone, a conta da farmácia então, dá um medo danado, nem dá mais pra ficar doente! Não vou dizer aqui da conta do restaurante, da conta da padaria, do supermercado, da frutaria, imagine se falo da conta do posto de gasolina, rapaz quer me matar de medo, é? O problema é que o medo se tornou uma coisa tão banal, tão natural e faz parte constante do nosso dia-a-dia, que não sentimos mais medo de nada! Tambem, vivemos enjaulados com trancas de todos os tipos nas portas e janelas de casa e para acabar nos assustamos com nós mesmos pela infinidade de ferrolhos e cadeados que nos impomos. A escola de nossos filhos é trancada igual uma cadeia com professores amedrontados, alunos inquietos e trabalhosos; furamos o sinal vermelho todos os dias para escaparmos de assaltos, mas arriscamos do mesmo jeito a nossa vida. Qualquer coisinha, discussãozinha à toa resolvemos no braço, no enfrentamento com o vizinho, com motoristas na rua, com colegas de trabalho, todos são nossos inimigos e configuram risco para nós. Vivemos no limite de nosso sistema nervoso, com intolerância crescente em relação ao próximo. afinal, vivemos com medo ou não? simplesmente não vivemos, passamos pela vida e perdemos há muito tempo a noção do que é conviver em comunidade, em sociedade, tolerando nossos irmãos e vivendo pacificamente em harmonia com nossos semelhantes. O medo não temos de nós mesmos!


Edilberto Abrantes.

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