Exclusão Cultural



A política cultural do estado da Paraíba é uma coisa curiosa: enquanto o governo federal procura descentralizar, dar maior acesso à sua política de investimentos às regiões mais distantes do nosso País com ações na área cultural, convocando os departamentos de cultura dos municípios, para junto com os departamentos de estado e o próprio governo federal, pensarem numa forma de levar a cultura a todos os rincões do país, de uma forma mais abrangente a que se tem hoje, formando departamentos de cultura nos municípios e dando suporte, subsídio para que desatrelado do estado, as políticas culturais sejam, mais justas e mais condizentes com a realidade local. Aqui, a coisa é justamente o contrário. O governo federal tem dado apoio aos municípios nas áreas de saúde, trânsito e abastecimento de água e esgotos, incentivando a municipalização e criando condições para que os municípios se tornem independentes, com relação aos estados e ao País e possam andar com suas pernas, criando de acordo com a sua realidade, melhores condições de vida para seus cidadãos.
Com relação à cultura, o governo do estado através da subsecretaria de cultura, só tem olhos para as cidades de João Pessoa e Campina Grande. Para essas duas cidades, estão voltados todos os projetos da secretaria, desde o carnaval até o natal. Quando a secretaria lança o projeto do FIC – fundo de incentivo à cultura AUGUSTO DOS ANJOS, 80% dos projetos aprovados, são dessas cidades. Por que? Será por que as demais regiões do estado, não têm escritores, poetas, artesãos, projetos dignos de serem aprovados? Por que o sertão é tão discriminado? Por que em detrimento do litoral e do brejo, nós somos sempre deixados de fora? Negar o sertão, é negar o nordeste, nossa cultura nordestina; a caatinga, a seca, o repente, o xaxado, o baião, o cangaço, os coronéis. É negar as tradições paraibanas, a musicalidade de um povo e suas referências culturais... por favor, não nos neguem o direito de sermos sertanejos. Por que não vamos deixar de ser, apenas por que vocês nos negam apoio para divulgarmos nossa cultura. Vocês também, quer queiram ou não, vocês que vivem no litoral, vocês falam com o sotaque da caatinga, comem do nosso baião de dois, da nossa carne de sol... querendo ou não, são sertanejos como nós apesar de agirem com essa política de exclusão.
Edilberto Abrantes

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