SEM PRESSA...


Eu me sentia prêso naquela gravata sufocante, atado com duas algemas com aquelas abotoaduras me prendendo os pulsos na camisa social bem passada. Não me sentia bem falando de números, das cotações do mercado de ações e da bolsa de futuros, do sobe e desce da bolsa de valores e de um monte de coisas que não conseguia digerir tal qual uma certa Gordura Trans, que hoje o mundo moderno é obrigado a consumir para dar lucro à industrias de alimento e de cosméticos. O trabalho naquele seu moto-contínuo cruel, tedioso, estava me afastando das coisas que eu mais queria, que sentia prazer em fazer. Me afastava da família, dos amigos de infância em função do importante cargo que ocupava, da minha função social, do status que me obrigava a conviver com pessoas e situações que não tinha nada haver comigo, mas que era obrigado a conviver para manter a posição e um cargo na empresa. Eu não gostava de contar, de planejar, do excel, dos organogramas, cronogramas, orçamentos e balanços trimestrais, tabela price, memorandos; dos ofícios, da chatice das reuniões empresariais, porque o stress, a insônia eram a única recompensa que eu ganhava por estar ao notebook 24 horas por dia sem falar na necessidade que eu tinha de estar ligado ao celular até no banheiro. Tem gente que tem compulsão por rádio e televisão, tem em todos os cantos da casa, é uma por vão, se for doze cômodos na casa são doze aparelhos de televisão! A minha compulsão era por celular, eu tinha seis aparalhos celular; as vezes tocava os seis de uma vez! Joguei tudo pro alto: emprego, status, posição, celular, notebook e carreira, e com eles foram o stress, a insônia, os remédios para dormir, a falta de apetite, o pânico, o mêdo, a indiferença, a arrogância, a inveja, o egoísmo, a loucura e a tristeza.

Não fiquei só: Ganhei a alegria, o prazer de um sono tranquilo, a humildade de outrora está voltando, os verdadeiros amigos tambem. Hoje sou mais solidário e não tenho mais pressa. Viver sem pressa é melhor: não envelhece, não nos afasta de quem amamos, do que gostamos de fazer.

Edilberto.

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