AI QUE SAUDADES!



Ai que saudades que eu tenho, dos idealistas de outrora: que varavam as madrugadas, em discussões sobre o futuro político do nosso País, de sua região, de sua comunidade. Ai que saudades que eu tenho, das lutas estudantis; dos shows universitários de artistas malditos da mídia: como Fagner, Belchior, Gonzaguinha...Ai que saudades que eu tenho dos manifestos universitários; das lutas dos diretórios estudantis; dos manifestos da UNE; da consciência revolucionária e contestatória da classe estudantil, em não aceitar passivamente as arbitrariedades cometidas pelo regime, quando cassava políticos por sua conduta ideológica, seus credos e sua tomada de posição, mesmo tendo seus direitos políticos cassados e ao mesmo tempo expulsos da pátria mãe e perseguidos por governos militares, passando a viver em países estranhos, com língua e costumes diferentes.Ai que saudades que eu tenho, daqueles idealistas que correndo da polícia, na dor psicológica da tortura, arriscaram seu futuro, carreira, família, a própria integridade física, por um ideal de um país melhor e uma nação mais justa com seus filhos. Vistos como subversivos viviam em constante vigília, como nômades, sem um lugar fixo, um pouso seguro para descansar ou até mesmo respirar e pensar se valia à pena toda aquela luta.Por que, com toda a corrupção que se vê nos tribunais, nos gabinetes, nos presídios, nas câmaras municipais, no congresso e no nosso sistema democrático, onde as pessoas se vendem por um benefício qualquer; onde as siglas dos partidos são negociadas de forma vil; não é difícil saber essa resposta. Se valeu à pena. Tantos morreram por nada. Como Vladimir Herzog, Carlos Lamarca, Olga Benário, e tantos outros... valeu, pela democracia? Morrer por toda essa corrupção? Esse jogo de interesses? Valeu morrer por toda essa miséria? Pela droga disseminada nas universidades, onde estudantes consumidores vivem no mundo da lua, envolvidos em baladas noturnas, consumindo ecstasy, cocaína, maconha e detonando família, formação acadêmica, e tudo mais? Serão esses, os profissionais do futuro? Com certeza não valeu a pena.


Edilberto Abrantes.

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